8/11/2017

RESENHA: ECOS | BOM DIA LIVROS

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Normalmente ao ler um livro profundo, reflexivo ou de qualquer outra natureza que faça com que o leitor se sinta submerso em suas páginas, a famosa ressaca literária é comum e todo leitor a enfrenta em algum dia. Mas, você já pensou que um único livro poderia te proporcionar três dessas ressacas? Por fim, Ecos é uma obra prima orquestradamente harmoniosa.
Disponível em @bomdialivros.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:

Título: Ecos // Autora: Pam Muñoz Ryan // Editora: Darkside Books   // Páginas: 368

 ENREDO:

Durante uma brincadeira típica de esconde-esconde, ao adentrar as profundezas da Floresta Negra e ali ficar confinado sem saber como voltar, Otto conhece três princesas irmãs que foram aprisionadas por uma bruxa, as quais só ouvira falar pelos relatos de um livro que acabara de ler. Esse livro no entanto, estava incompleto. A história não chegara ao fim.
Ao ajudá-lo a sair daquela situação, Otto promete ajudar as irmãs levando o espírito das mesmas através de uma gaita.
Após essa introdução, temos a gaita como figura comum nas três narrativas que se sucedem:

Friedrich Schmidt vive durante a ascensão de Hitler aos arredores da Segunda Guerra Mundial. O garoto no entanto, sonha e luta para ser um maestro consagrado. Contudo, uma mancha de nascença em seu rosto faz com que o mesmo seja mal visto em meio a raça ariana da época. Como se não bastassem ideologias opressoras de Hitler, o garoto que encontra acalento na música, principalmente em sua gaita, também era descriminado por portar o instrumento, já que gaitas eram vistas como insignificantes.

Mike Flannery é o personagem principal da segunda trama. Pianista nato, o jovem vive em um orfanato com seu irmão Frankie, um outro músico genial. Além dos frequentes desagrados da vida, ambos lutam para não serem separados na adoção. O surpreendente é que a gaita não muda apenas a história de Mike, mas também de seu irmão.

Ivy Maria Lopez é filha de imigrantes mexicanos que são responsáveis pelos cuidados de uma residência cujos donos japoneses são enviados para um campo de concentração, haja vista que são considerados inimigos dos EUA em plena Segunda Guerra Mundial. Assim como os demais personagens, a terceira trama traz uma personagem com fortes habilidades musicais que tem sua vida completamente mudada pela gaita.
"SEU DESTINO AINDA NÃO FOI SELADO.

ATÉ NA MAIS SOMBRIA NOITE
UMA ESTRELA BRILHARÁ, UM SINO SOARÁ,
UM CAMINHO SERÁ REVELADO"

OPINIÃO:

O primeiro livro que me despertou lágrimas foi Marley & Eu, uma das minhas primeiras leituras. Esse fenômeno só ocorreu novamente na leitura de Ecos. Não que sejam histórias completamente tristes, mas elas são únicas e carregadas de emoções. O leitor se torna são imerso nas dificuldades enfrentadas pelos personagens, que acaba adotando aquilo como um dilema próprio.

Ainda sobre os protagonistas, é surpreendente a facilidade para simpatizar com eles. É comovente vê-los sendo obrigados a encarar as ignorâncias, orgulhos e guerras pelas quais nós, seres humanos, somos responsáveis. São vítimas que deram a volta por cima e mostraram a sociedade que eles não vieram para serem submetidos às ideologias que tentam diferir os iguais.

A narrativa é surpreendente bem amarrada. Uma história extremamente bem conectada. Ao final da leitura não restam dúvidas, só saudades de uma leitura tão gostosa. 

Por ser um livro que tem como plano de fundo o tema Guerra Mundial, o livro circula todas as expectativas. Afinal, durante a segunda grande guerra, o único preconceito que existia não era apenas o preconceito étnico, mas havia uma grande pauta sobre a xenofobia também - particularmente evidenciado duas vezes na terceira parte. Quando relatamos sobre a ascensão do nazismo, nos esquecemos que o preconceito existe até os dias de hoje e naquela época, a Alemanha não era a única propagadora dele.

De acordo com o dicionário, eco é a única reflexão da fonte de som. Poeticamente falando, é exatamente o que a autora, Pam Muñoz Ryan, explorou: forçar uma reflexão sobre o quão forte é o poder de influência que a música exerce sobre nós. Ela, tem o poder de nos tirar de péssimas situações e principalmente confortar nossos corações. 
"Os corações estão feridos. Indivíduos que costumavam ser amigos não são mais. Vizinhos não são vizinhos. Durante uma  guerra, as pessoas acham que precisam escolher um lado e jogar a culpa no outro. Os corações ficam menores."  -Página 310
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DARKSIDE BOOKS || DARKLOVE

*Ecos foi cedido pela Darkside Books em parceria com o selo editorial DarkLove, uma linha editorial para morrer de amor.
8/07/2017

RESENHA: MEU AMIGO DAHMER | BOM DIA LIVROS

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Inegável é que todos nós estamos passando ou até passamos por um período no colégio. Para alguns, uma experiência boa, já em outro casos nem tanto. Contudo, para Derf Backderf, uma experiência única. Você já pensou que algum colega de escola futuramente seria conhecido como um serial killer canibal? Derf também não.
Disponível em @bomdialivros.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:

Título: Meu Amigo Dahmer // Autora: Derf Backderf // Páginas: 288

ENREDO:

Na primeira graphic novel publicada pela Darkside Books, Meu Amigo Dahmer, encontramos os antecedentes de um dos serial killers mais temidos da década. O canibal de Milwaukee, como ficaria conhecido posteriormente, é responsável por diversas barbáries de cunho canibal que abalariam a sociedade com o desenrolar e as revelações do caso.

Particularmente, não consigo imaginar um amigo ou colega de escola tendo uma repercussão do mesmo tipo. No entanto, Derf sim. Ele, com consulta de relatos policiais, lembranças próprias, de amigos e dos próprios pais de Dahmer, trabalhou arduamente na produção da HQ em questão, com um texto direto e ilustrações brilhantes.

A HQ então, descreve o comportamento do assassino na época da escola, antes de matar e torturar. Se já é difícil pensar em um amigo que se tornaria serial killer, é mais ainda aceitar que fora alguns traços, Jeff Dahmer era completamente normal. Um garoto inteligente, curioso e assim como nós, repleto de problemas em casa.

OPINIÃO:

Fora as histórias sobre Turma da Mônica, nunca li nenhuma outra obra do mesmo tipo. Nesse viés, considero Meu Amigo Dahmer um novo impulso para ler outras obras relacionadas.
A leitura é extremamente envolvente e os recursos visuais da HQ são suficientes para prender o leitor e induzir a leitura de uma só vez.

O fator que mais me deixou com a famosa pulga atrás da orelha, fora a verossimilhança do que estava sendo informado. A história é tão longe da minha realidade, que foi difícil digerir. Contudo, ao fim dos quadrinhos, todas as fontes consultadas pelo autor são expostas e escancaradas. Relatos do FBI e até fotos do livro escolar identificam essas passagens. 

Como se não bastasse citar a fonte de tudo e oficializar o que estava sendo dito, o autor utiliza de uma "pós-narrativa" que consiste em explicar e detalhar cada parte da história em quadrinhos. Dessa forma é possível saber além das fontes, o que Derf pensava com aquilo, fazendo links externos entre obra-mídia.

Todos que se interessarem, aqui fica minha indicação. Para os fãs da editora, as tiragens impressas pela mesma contam com cenas excluídas, uma série de "bastidores" e ilustrações alteradas. Agora, convido você para conhecer 


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